Setembro Amarelo: Conversar é Acolher
- Simone Costa
- 1 de set.
- 3 min de leitura

Por Simone Costa
O Setembro Amarelo é uma celebração de vida, acolhimento e esperança, criada no Brasil em 2015 pela Associação Brasileira de Psiquiatria em parceria com o Conselho Federal de Medicina. O objetivo é trazer à luz a importância da prevenção do suicídio e da saúde mental. A cor amarela simboliza luz, calor e empatia — ingredientes essenciais para acolher quem está em dor.
Falar sobre suicídio ainda é um tabu. Muitas pessoas acreditam que mencionar o tema incentiva comportamentos suicidas, mas é justamente o contrário: falar sobre o que dói ajuda a construir pontes de apoio, abrir espaços de escuta e interromper o isolamento que amplia o sofrimento.
Cenário atual no Brasil: os dados que nos lembram da urgência
Em anos recentes, o Brasil tem assistido a um aumento contínuo nos casos de suicídio. Entre 2008 e 2022, o índice passou de 5,0 para 7,3 suicídios por cada 100 mil habitantes — um crescimento médio anual de 3,7%, segundo a ScienceDirect.
Inclusive, segundo estimativas, houve um aumento de mais de 68% nos suicídios entre trabalhadores brasileiros no mesmo período
Ideação suicida e sinais de alerta: quando o corpo e a alma falam
Muitas vezes, antes de uma tentativa, há sinais que passam despercebidos. Segundo a psicologia, sinais importantes incluem:
Declarações como “quero desaparecer” ou “não aguento mais”
Mudanças abruptas nos hábitos (sono, alimentação, higiene)
Isolamento social, tristeza profunda, desânimo crônico
Presentes inesperados, despedidas, alterações de humor extremas
Envolvimento com comportamento de risco ou dependência de substâncias
Estar atento a esses sinais e acolhê-los com empatia pode ser a diferença entre seguir adiante ou se desligar da vida.
Tabus desmistificados: falar sobre suicídio é um forma de prevenção
Um mito recorrente é que falar sobre suicídio aumenta o risco de ocorrência. Mas a ciência mostra o contrário. Estudos revelam que conversar abertamente sobre o tema pode reduzir a ideação suicida e incentivar a busca por ajuda.
Abrir diálogos com cuidado, empatia e responsabilidade constrói um caminho de acolhimento, reduz o estigma e torna o tratamento mais acessível.
Como criar espaços de escuta acolhedores
Pergunte com calma: “Você tem pensado em desistir ou se machucar?”
Use linguagem acolhedora: evite julgamentos, escute sem interromper.
Mostre que você se importa e está presente.
Incentive a busca de ajuda profissional.
Lembrar sempre em acolher sem minimizar a dor, e ajudar a pessoa a buscar amparo profissional é um gesto de grande humanidade.
Canais confiáveis de apoio emocional
Se você ou alguém que conhece estiver em sofrimento, saiba que não está sozinha/o. Algumas opções confiáveis:
CVV – Centro de Valorização da Vida: 188 (24h e gratuito)
Mapa da Saúde Mental: plataforma com recursos de apoio (mapasaudemental.com.br)
CAPS – Centros de Atenção Psicossocial: atendimento público de saúde mental
Clínicas-escola de faculdades de psicologia (procure na sua cidade por atendimento gratuito ou acessível)
Pode Falar: plataforma online gratuita de apoio emocional para jovens (podefalar.org.br)
Refletir é cuidar: você é importante, sua vida importa
O Setembro Amarelo nos lembra que cada encontro, cada escuta, cada gesto de cuidado tem poder de transformar. Se algo pesa no seu peito, que você encontre coragem para falar e acolher. Se você percebe alguém ao seu redor em sofrimento, estar disposto a ouvir já é um ato de amor.
Cuidar da saúde emocional não é luxo: é prioridade. E você merece cuidado, afeto e apoio.
Comentários