Qual o vazio que te constitui?
- Simone Costa
- 21 de jul.
- 2 min de leitura
Simone Costa

Eu sempre tive muita dificuldade de lidar com o vazio. Parece que sempre buscava ocupar o tempo vazio com tarefas, em fazer algo produtivo, que tivesse um propósito. Parecia que fazer algo por fazer, era perder tempo e isso era algo muito condenável na minha cabeça.
E o vazio também era preenchido numa necessidade de me sentir útil e também o preenchia com a comida. A sensação de vazio interno, que vem da fome física, era algo extremamente difícil de lidar, de permanecer no vazio. Tanto que até hoje eu saio correndo do tal jejum intermitente. A ideia de permanecer na fome ainda é assustadora.
E dentro da minha jornada de autoconhecimento e muita psicoterapia, identifiquei muitos aspectos ligados a esse vazio: dores ancestrais de escassez, dores de um feminino ferido ancestral que estava sempre disponível e a serviço do outro, faltas na minha história de vida.
E a cada consciência desses vazios, eu tinha uma esperança de que eu me sentiria plena, preenchida numa ideia de liberação dessas dores. Até que descobri que esses vazios me constituem. Eles não determinam minha identidade, mas eles fazem parte dela. E que talvez, o caminho não fosse mais buscar preencher esses vazios, mas sim permanecer neles, integrá-los e aceitar que esses vazios me constituem.
Ao permanecer nos vazios, a busca cessa e a partir da realidade de que esses vazios me constituem, eu tenho condições de agir a partir deles e não em função de querer preenchê-los ou de me livrar da dor do vazio.
O processo de individuação é contínuo, a busca da totalidade é inerente à nossa natureza psíquica, é feita de altos e baixos. A consciência de si tem seus desafios, suas dores, sua plenitude e sua libertação.
E você? Qual são os vazios que te constituem?
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